"Obrigado, violinos, por este dia
de quatro cordas.
é puro o som do céu,
a voz azul do ar." (Pablo Neruda)
O pedal começou com o início de um lindo dia de sol. Temperatura amena e uma suave brisa, um verdadeiro presente, considerando o frio que assolava a região até algumas poucas horas antes!
Passamos pelos arredores de San Javier, seguindo pela Ruta 2 por alguns quilômetros, até o empalme com a Ruta 4, na qual percorreríamos a distância mais expressiva. Até ela, o acostamento estava ruim e com bastante movimento, especialmente de ônibus. Na Rua 4, o movimento diminuiu, e surgiu um pequeno acostamento, cortado, a cada 20 metros, aproximadamente, por dois calombos transversais...
Descobrimos, no trajeto - pois eu não conseguira antes verificar a altimetria -, o que já era previsível, pois estávamos partindo das margens do Rio Uruguai para chegar às margens do Rio Paraná: há um divisor de águas, de modo que tanto na ida quanto na volta teríamos um longo trecho de subida, para depois descer... Geograficamente, ele fica quase que exatamente na cidade de Leandro N. Além.
Isso virou uma brincadeira: rumamos, ruta acima, para o Além!! rsrs...
Como saímos atrasados, o almoço foi no km 20... Naquele momento, nosso parceiro Markito começou a sentir falta de seu saudoso atum....rsrs... Tentou laranjas, mas não foi a mesma coisa. Teve de contentar-se com torradinhas, bolachas, azeitonas (sim, azeitonas!!!rs), alfajores, balas... Mesmo tendo abandonado o atum, seus alforges pareciam um minimarket!
Alimentados, seguimos subindo até o Além. Antes de chegarmos até ele, porém, inciou-se a saga pneumática do Christian... Foi o início de uma longa série de pneus furados... Sob uma parada de ônibus, foi feita a primeira troca... Enquanto isso - e com o Marcos já oferecendo balinhas e outros comestíveis...rs - duas pequenas crianças, um menino e uma menina, nos observavam atendamente, deitados sob um arbusto...
Acho encantadora, no cicloturismo, a facilidade como se estabelecem relações com as pessoas dos locais por onde se passa... Não resisti e fui até elas. Perguntei seus nomes e se poderia fazer uma foto delas com as bikes... Aceitaram na hora! Fiquei sabendo que
su papa y su padriño trabalhavam em uma empresa rural que ficava na frente, e que o sonho do menino (que deveria bater na minha cintura) era, quando se tornar adulto, trabalhar lá também... A menina, então, comentou que nos vira comendo
caramelos. Fui até nosso minimarket ambulante e consegui alguns caramelos para eles. Ficaram deslumbrados! Seu pai, que estava do outro lado da estrada, atravessou e acabei fazendo outra foto com todos. Então, seguiram a pé, com seus caramelos, para o interior do interior do Além... Apesar de não pretender igualar-me ao Markito, o episódio me fez decidir carregar sempre alguns caramelos, em nossos passeios ciclísticos: pequenos agrados aos que nos acolhem em nossos caminhos...
Pneu trocado, o Além finalmente foi alcançado! Depois dele, colinas com uma série de subidas e descidas, mas com predominância destas...
Ainda na Ruta 4, mais próximo a Bonplant, o joelho do Christian começou a dar sinal... Ele já estava lesionado no Audax UAF 200 km, duas semanas atrás, mas resolvera pedalar, ainda assim, já que o trajeto não seria tão longo, e o ritmo não tão intenso. Mas a dor surgiu, foi piorando a partir do empalme com a Ruta 103. Para ficar mais divertido (rs), logo depois que passamos pelo cruzamento, BINGO, novo pneu furado! Parada feita para troca e remédios no joelho, para o Christian, e para lanchinhos do Marcos. O entardecer estava belíssimo, mas os mosquitos começavam a pegar...rs...
A partir dali, o Christian passou a ter dores muito intensas no joelho, e tivemos de reduzir a velocidade... Seguimos tranquilamente até Santa Ana, apesar de o trânsito já estar mais pesado na Ruta 103, pois o acostamento estava bom.
Em Santa Ana, atingimos o empalme com a Ruta 12. Isso me preocupava um pouco, pois se trata de uma autopista e, segundo as reglas de circulación, bicicletas são proibidas!! Mas não tínhamos alternativa, já que não havia outra estrada para chegar a San Ignacio, nosso destino final no primeiro dia...
Nesse momento, ao menos para mim,
terminó el día perfecto. O resto é outra história...